Agueiros na Costa? novidade assustadora

2016-06-28 16.45.09.jpgTínhamos ido passar o dia à Costa da Caparica. Escolhemos a praia de S. João para podermos fazer praia enquanto víamos o sobrinho Fão, de 11 anos, a fazer surf, no seu cursinho de Verão.

O dia estava ótimo – água para o frio e algum vento, mas estávamos bem e os miúdos, ao todo 7 primos, divertidíssimos a entrar e sair da água.

Ouve-se então uma exclamação: – Olhem a bandeira vermelha ali. É um agueiro!

Eu, pouco habitué naquela costa, não conhecia o termo e perguntei o que isso era. – Um agueiro – respondeu o nadador-salvador que passava por mim. – É uma corrente de água que se forma no mar, nós reconhecemo-lo e sinalizamo-lo para que ninguém vá para ali nadar.

Assim como me respondeu, foi-se embora descontraidamente, e eu confesso que não fiquei muito preocupada. Fui-me aproximando do mar e reparei que as nossas crianças estavam logo ali, a seguir à zona indicada, a brincar no mar.

Deu-me um pânico repentino e acreditem que não sou dessas coisas. Talvez fosse o sexto-sentido de mãe, a nossa intuição. Sabia que eles tinham que sair dali e rápido. gritei, esbracejei e com facilidade eles saíram.

2016-06-28 16.44.46Fomos ver o que dizia a placa por debaixo da bandeira vermelha e eu vim espreitar na net o que é um agueiro e ….que assustador! Não fazia ideia que os agueiros eram tão perigosos.

Agueiros ou Rip Current, são fenómenos marítimos de correntes contrárias, abaixo da superfície, a que dificilmente alguém consegue resistir.

Estas correntes são normalmente utilizadas pelos surfistas para se recolocarem na zona que querem sem grande perigo, mas para os banhistas podem ser muito perigosas.

Todos os anos morrem pessoas por causa dos agueiros. Um agueiro pode levar a pessoa para longe da costa (muito provavelmente para fora de pé) e não para o fundo. Essa corrente pode “lançar” as pessoas para 5 metros ou 50m! para lá da zona da rebentação. Nessa altura, o Agueiro perde intensidade e dissipa-se.

É importante saber-se como agir e contar ao maior número de pessoas. Isso salvará vidas, certamente.

Não se deve resistir. Embora seja natural quando nos sentimos a ser puxados, tentarmos contrariar, com os agueiros temos que nos deixar ir e apenas quando já não estivermos a ser puxados, então sim devemos nadar paralelos à costa e depois retornar à margem.

Rip-Current-Escape-larger

Espero que vos ajude, tal como me ajudou a mim perceber o que são agueiros e como agir.

 

17 comments

  1. Sou nascida e criada na Costa da Caparica e sempre houve esse agueiros, e por ser uma zona sem rebentação toda gente que não conhecia o fenómeno se encaminhava para lá, vi muita gente a ficar sem sentido por lutar contra a mare! ainda bem que hoje já existe essas placas e tanta informação! porque isso para que é local ja sabe identificar mas quem é de fora corria sempre muito perigo!

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    • Olá Sara. É isso mesmo, para quem vive e reconhece um agueiro não é perigoso porque os sabe evitar, mas para os outsiders como eu é importante a informação.
      Acho que para além da bandeira deveria haver um nadador-salvador perto, mas talvez seja pedir demais.
      Obrigada pela visita! Também tenho lido o seu blog. Sou da área das plantas e tenho experiencia em plantas aromáticas e medicinais. Até organizei durante muitos anos passeios pedestres com um mestre local que era exímio em PAM’s! trouxemos centenas de pessoas ao campo para juntos falarmos das plantas e das suas propriedades. Boa continuação!

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      • O termo correcto será Nadador Salvador e não “Banheiro” 😉
        Quanto a ter um NS ao pé da placa é algo que muitas vezes pode não ser exequível.
        A lei determina que por cada 50m ou porção de areal concessionado o concessionário tem a obrigação de colocar um NS para assegurar a assistência a banhistas, infelizmente é uma lei ultrapassada pois actualmente utiliza se maioritariamente o sistema de Plano Integrado de Segurança – PIS que visa rentabilizar meios humanos e móveis de modo a assegurar os mesma segurança com menos despesa… Mas nem sempre isso se verifica…
        Conversa que poderia dar “pano para mangas” 🙂

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  2. Bom dia,
    Antes de mais quero agradecer a sua preocupação como cidadã! Mais tivessem a mesma preocupação é menos incidentes nas praias aconteceriam.
    Sou Nadador Salvador na Costa de Caparica e sou membro da Equipa de Salvamento Marítimo dos Bombeiro Voluntários de Cacilhas (que também presta socorro na Caparica por ter lá um quartel).
    Agueiro é um fenómeno de retorno de massas de água a alto mar, este retorno verifica-se sempre pela zona que oferece menos atrito, i.e. a zona mais funda. As correntes que se formam neste canais podem atingir velocidades que nem os nadadores olímpicos conseguem superar.
    Os agueiros podem ser catalogados em três tipos:
    1) Estacionários ou permanentes – normalmente quando existem obstáculos físicos, exemplo os esporões na frente urbana da Costa de Caparica.
    2) Móveis – podem ser móveis ao longo da praia antes de desaparecerem; mais comum nas praias mais a sul da frente urbana, entre a Nova Praia e a Fonte da Telha.
    3) Subitos – aparecimento repentino podendo ser muito fortes mas com curta duração .
    Como podemos identificar um agueiro?
    a) cor de água acastanhada devido ao arrastamento de areias;
    b) espumas na superficie que pode estender-se depois da rebentação;
    c) tremura sa superficie da água;
    d) deslocamento de matérias e destroços flutuantes, também os surfistas utilizam este canal para passar a rebentação;
    e) ondas maiores dos dois lados desta corrente.
    Em caso de se encontrar numa situação de corrente de agueiro um náufrago deve pedir imediatamente ajuda fazendo sinal para terra e gritar por socorro, caso tenha aptidões para a natação pode, seguindo a corrente natural (na Costa 95% é de Norte para Sul) nadar paralelamente a linha de água até sair da zona de agueiro e depois sim nadar para terra.
    IMPORTANTE É NUNCA NADAR CONTRA A CORRENTE!
    Mais aconselho que utilizem praias vigiadas e em caso de dúvida questionem o Nadador Salvador da praia.
    Espero ter contribuído para um maior conhecimento deste fenómeno é mais uma vez parabéns pela sua cidadania.

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  3. Sou surfista e frequentador das praias da costa, ja socorri um individuo que se encontrava a brincar nas ondas em uma zona de corrente de retorno ou agueiro como queiram chamar. Este artigo não tem nada de exagerado e deve ser tomado a sério, Nós utilizamos estas correntes de retorno para passar a zona de rebentação o mais rapido possivel e identificam-se facilmente pela ausência da espuma nessa zona. Na costa da caparica sempre existiu correntes de retorno, mas desde há 3 anos para cá que veio a aumentar devido ás fortes tempestades que tem feito no inverno. Respeitem o mar ele é lindo e transmite muita paz e serenidade para a nossa alma, mas quando não respeitado, pode ser fatal!

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  4. Pedro Antunes, os agueiros mais comuns nas praias do Rei, Rainha, Castelo, etc, são maioritariamente causados por valas enormes no areal, fazendo com que uma grande massa de agua se infiltre nesse canal quando a onda recolhe para o oceano, essa massa de agua que recua é de tal maneira tão forte que consegue cortar a energia das ondas que avançam para a praia, fazendo com que aquela zona em questão pareça serena e sem ondulação, levando as pessoas a irem banhar dentro da corrente de retorno. Se o mar tiver com ondulação e numa zona tiver aparentemente calmo e sem espuma causada pela ondulação, desconfiem muito.

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  5. Eu em miudo na Praia Grande algures no final dos anos 80 fui puxado por um. Os meus pais só deram por minha falta quando viram um surfista comigo ao colo. Mais tarde na praia de São Julião, eu e os meus primos fomos puxado por outro, o meu primo apareceu horas depois, tinha sido puxado para bem longe e foi dar ao sul da praia, como ele próprio fazia bodyboard já tinha conhecimento do que fazer, sorte a dele. Evito o mar e odeio praia.

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  6. Tentem pôr uma prancha atada a uma corda com 100 mt, e ponham a prancha no suposto lugar, que chamam agueiro, aguardem o resultado e puxam a prancha, façam-no com a supervisão de um adulto ou dois rapazes fortes. Se a prancha for levada pelo mar, vejam e apontem: o Tempo, o Vento, a força da àgua, a velocidade da prancha o peso da prancha, e façam uma conta, com os resultados sempre em proporções maiores, até atingirem o resultado com um peso de um adulto, e verifiquem o resultado e boas experiências.

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